sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cartilha que não Ofende, Tampouco Ensina - Por Luiz Domingues

Ultimamente o MEC, nosso glorioso Ministério da Educação e Cultura, tem mais parecido um velho programa humorístico que fez grande sucesso no rádio e na TV: "Balança mas não cai". Enquanto a turbulência em torno do "cai-não-cai" da ministra, Ana de Hollanda ocupava as manchetes dos jornais, outra polêmica foi armada, desta feita ao ministério "irmão", da Educação e veja só, será que é verdade um descalabro desses? É claro que não, ante a envergadura de um ministro que ocupa o cargo, atualmente.
Com as bênçãos do MEC, uma nova cartilha foi aprovada para o ensino fundamental, chamada: "Por uma vida melhor", escrita pela professora, Heloísa Cerri Ramos, juntamente com outros colaboradores. Segundo os rumores, nessa referida cartilha, uma curiosa "nova visão" da pedagogia estaria a ser proposta, na qual a tolerância com os erros gramaticais e ortográficos deveria ser supostamente justificada sob estapafúrdias desculpas, com cunho social.
Dentro dessa linha de ataque sorrateiro, a intenção subliminar da parte da professora Heloísa e dos seus colaboradores, seria ensinar português às novas gerações em torno de uma suposta adequação social, ou seja, a língua deveria deixar de ser ensinada de uma forma "erudita" às pessoas das camadas sociais mais baixas, para que não cometa-se doravante, o ato do "preconceito linguístico". Pasmem! 
 
A prática da postura "politicamente correta" estaria a chegar finalmente ao ensino público, com a sua ideia clara pelo nivelamento por baixo, sob a ridícula desculpa de se preservar a dignidade de quem não se expressa corretamente em seu cotidiano.
Ora, se isso realmente fosse verdadeiro, haveria de ser muito cômodo para o governo adotar essa postura supostamente moderna, ao camuflar assim a sua real intenção de não fazer esforço algum para subir o nível, da já sofrida educação fundamental brasileira, responsável pelo atraso e pela ignorância.  
 
Sob o manto de uma nova "intelligentsia" fomentada para dar controle a um grupo político sob viés antagônico ao conservadorismo, eles supostamente se eximiriam de sua responsabilidade e assim condenariam gerações à uma educação deformada e abominável. Pois convenhamos, ensinar as crianças a ler e escrever, mediante uma metodologia a cometer tais erros crassos, interessaria a quem? Ou melhor: na realidade, querem nos fazer crer no maquiavelismo, quando a ação em si é que trabalha sob tais ditames.
Exemplos supostamente presentes na cartilha mostrariam tais práticas: "Os livro", "Nós pega o peixe", "Os menino pega o peixe". 
 
E assim, a mentalidade a estigmatizar a prática da mentalidade em prol do "politicamente correto" como um paradigma demonizado pelo conservadorismo que reivindica o direito de perpetuar a cultura das cavernas, teria feito escola e de uma forma deliberada, segundo o seus detratores, tomaria a pedagogia nas escolas para impor o seu plano...
 
Portanto, seria entre outras atribuições, uma curiosa forma para jogar a sujeira para debaixo do tapete e fingir que a casa está limpa, não é?
Segundo a lógica falaciosa de quem inventa mentiras, para desestabilizar os seus adversários, ao invés de acabarmos com as favelas, a meta seria parar de chamá-las como: "favelas", sob o risco de ofendermos seus moradores. E daí, eis que surgiu o termo "comunidades", na sua visão. 
 
Com a ideia disseminada de que a comunidade da aceitação, o governo e a sociedade respiram aliviados, como se o problema estivesse resolvido, pois as comunidades estão assim,  "aceitas", "respeitadas". Parece ser o mesmo raciocínio usado nessa nova pedagogia adotada pelo MEC.
Segundo os alardeadores de falácias, a intenção desse material didático, seria que as pessoas passassem a ler, escrever e falar mal, de uma forma proposital, por opção pedagógica adotada de forma oficial, com um propósito político por trás. 
 
Em suma, querem no fazer crer que por analogia, vão deduzir que a nossa língua do jeito que é formulada , ofenderia os "neanderthais"... sendo assim, o próximo boato que inventarão pode ser que o ministério adotará uma nova cartilha na qual o proto-idioma "uga-uga", predomine?
Dentro desse absurdo que alardeiam, a ideia talvez seja que assim acreditemos que a intenção do ministério seja disseminar a ideia do politicamente correto e nos obrigar a evitar esse terrível preconceito com nossos irmãos habitantes das cavernas... ou proferir a palavra, "caverna", também ofende? Que tal: "habitação pedregosa promovida pela natureza?" 
 
Em suma, querem nos fazer crer que a intenção seja essa, absurda, fora de propósito e claro que é para desconfiar de quem espalha uma tese estapafúrdia, isso sim.

Matéria inicialmente publicada no Blog Planet Polêmica, e republicada posteriormente no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2011.

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