domingo, 15 de abril de 2012

Sete Bilhões de Bocas Famintas - Por Luiz Domingues

Recentemente, a mídia alardeou o nascimento de um bebê que foi arrolado como o ser humano de número: sete bilhões, no planeta.

É fato concreto que a aceleração no processo demográfico, iniciou-se principalmente a partir do incremento da revolução industrial, em meados do século XVIII. O economista britânico, Thomas Malthus, desenvolveu a sua famosa teoria nessa época, ao dar conta do crescimento geométrico da população não acompanhar o crescimento aritmético dos recursos materiais para supri-la, em termos de alimentos e água potável, isso para falar nas necessidades mais prementes dos seres humanos. 

 Isso é o básico, claro, mas sob uma análise mais realista e adaptada ao século XXI, sabemos que somente tais itens não suprem as necessidades de sete bilhões de pessoas.

A questão do equilíbrio econômico é muito preocupante, haja vista as convulsões sociais que temos observado (já falei sobre esse tema em matérias anteriores, como, "A Ocupação dos Insatisfeitos", por exemplo). 

A insatisfação pelo colapso do capitalismo mais selvagem está a chegar no seu limite máximo de tolerância, mas a perspectiva em torno de sua eventual derrocada, é sombria, pois não trata-se de derrotar Wall Street como se derrubou o comunismo simbolicamente, através da queda do muro de Berlim, em 1989. Não é tão simples assim.

A grande questão é: como alimentar e hidratar sete bilhões de pessoas? Como cuidar para que hajam meios de subsistência, empregos, sustentabilidade para prover esse contingente absurdo de criaturas? 

Isso sem contar no seu bojo, outras necessidades a serem supridas. Além da comida e da água potável, existem outras tantas questões, como por exemplo: moradia digna, saneamento básico, serviços públicos eficientes, diminuição dos índices poluentes, reciclagem, coibição de desperdício, saúde pública, erradicação de doenças e epidemias, lazer para não enlouquecer essa gente toda, esportes para que gastem sadiamente a energia e claro, educação, arte & cultura asseguradas para todos.

Como garantir isso para sete bilhões de pessoas, se nunca na história da humanidade isso foi possível de ser provido e com um contingente humano muito menor (em 1959, haviam três bilhões de seres humanos a respirar neste planeta)? 

Em tempos de tanta tomada de consciência em torno da ecologia, reciclagem e processos a envolver conceitos de sustentabilidade (sem contar na luta contra a poluição), será que ninguém coloca na pauta do dia a questão da sustentabilidade concreta? Ou seria algo quixotesco para se ventilar?

Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, em 2011.

2 comentários:

  1. Muito pertinente esse assunto Luiz! Acho que é uma questão que todos precisamos refletir sobre. Se os seres humanos que habitam esse planeta tivessem pensado no controle de natalidade há muitos anos atrás antes de ocorrer essa explosão, sem dúvida não estaríamos tendo essa discussão hoje. Se o planeta é um espaço limitado, e os seres não pram de reproduzir é lógico que teríamos que ter nos preocupado com isso há muito tempo atrás... É fato que o capitalismo é um modelo ultrapassado, desgastado, que não trás uma vida melhor pra ninguém e principalmente para o planeta como um todo. Acho que na era que a gente vive a reciclagem, proteção dos animais e proibição do uso de casacos de peles e afins deveriam ser obrigatórios, assim como o controle de natalidade. O desenvolvimento do interior dos países e um novo estilo de vida que não destrua a natureza nesses lugares será fundamental para um futuro próximo, já que as grandes cidades estão já saturadas de gente. Fico curiosa de ver o que acontecerá se essa situação chegar a um limite...

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    1. Em primeiro lugar, te agradeço muito pela atenção e carinho em postar um comentário tão rico.

      Pois é...você iniciou seu raciocínio lamentando a falta de planejamento da raça humana como um tôdo. Claro que não passava pela cabeça da maioria, até bem pouco tempo atrás, se preocupar com a escassez de recursos. Esse é um ponto. Se bem que desde meados dos anos setenta, A China deu mostras dessa preocupação, quando o governo comunista instituiu a Lei do filho único, punindo severamente famílias que se atrevessem a ter um segundo filho.

      Hoje, o limiar do colapso fez com que os governos tomassem medidas, mas o estrago já está enorme e aí você tem razão : Se tivessem prevenido...

      Por isso sou tão fã do movimento Hippie. A proposta do drop out era revolucionária demais , quarenta e cinco anos atrás e os obtusos só desdenharam de tudo, atribuindo aquelas ideais à um bando de vagabundos & drogados que só estariam procurando o hedonismo. Ledo engano dos engravatadinhos e uniformizadozinhos que agora se deparam com um caótico cenário de explosão demográfica, convulsões socias e escassez de recursos.

      Muito agradecido pelo ótimo comentário ! Limonada Hippie é parceira de ideais !!

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