quinta-feira, 7 de junho de 2012

Lixo nas Ruas, Reflexo de Um Povo - Por Luiz Domingues



Um dos piores costumes que assolam o Brasil, praticamente desde a sua fundação é a mentalidade inacreditável das pessoas em jogar lixo pelas ruas. Sempre que vejo um cidadão a livrar-se de qualquer objeto que tenha a mão, simplesmente ao jogá-lo sobre a calçada ou na rua, fico a perguntar-me como pode achar normal uma barbaridade desse porte ?
Muitos usam a cômoda desculpa de que o poder público não providencia lixeiras suficientes ou simplesmente não cuida das poucas disponíveis, que estão quase sempre a transbordar, imundas e com o lixo excedente espalhado pelo chão. Sim, muitas vezes isso acontece e acrescento o fato de que a varrição das vias públicas deixa muito a desejar, pelas autoridades municipais.
Todavia, ainda penso que se o cidadão não encontra uma lixeira próxima para depositar o seu lixo, em algum momento vai encontrar uma disponível; utilizar esse serviço em um estabelecimento comercial ou mesmo carregar até a sua própria residência (por quê não ?), para dispensá-lo no seu lixo doméstico. A desculpa esfarrapada de que um reles papel de bala, por menor que seja, não está a causar um dano ambiental, é inadmissível, certamente.
No Brasil, é comum jogar de tudo nas ruas. E eu questiono : essas pessoas que agem dessa forma, fazem o mesmo dentro de suas residências ? A resposta é : dificilmente, por mais relapsas que sejam, duvido que consigam conviver em um ambiente desse nível (claro, existem as exceções, casos patológicos que vemos em reportagens sobre pessoas que acumulam lixo etc). Fora desse patamar de distúrbio sócio / mental, só posso atribuir esse comportamento à absoluta falta de educação. E dentro desse parâmetro, é óbvia a relação de descaso das pessoas com as cidades em que vivem, ao estabelecer uma relação antissocial depreciativa da Res Pública.
O cidadão que adota tal conduta certamente considera a cidade como um território de ninguém, onde exime-se de qualquer responsabilidade perante ela, por considerar que não faz parte de sua moradia.  Ledo engano ! Em um país de primeiro mundo, o cidadão aprende desde pequeno que a sua cidade é na verdade, a sua casa, como extensão viva do seu Lar e portanto, adquire uma relação de amor; respeito, e zelo para com ela.
No início dos anos setenta , houve uma tentativa de campanha educacional nesse sentido. Publicitários criaram o personagem de desenho animado, "Sugismundo". Com peças divertidas na TV e em tiras de quadrinhos, estimulavam as pessoas a mudar esse paradigma de descaso. Mas como foi efêmera a abordagem, caiu no esquecimento e os brasileiros de uma forma geral continuaram a pautar as suas vidas por esse patamar de absoluto descaso com a higiene pública.
Particularmente eu sou contra medidas arbitrárias e ditatoriais por parte das autoridades. Mas alguém tem alguma ideia melhor para mudar a mentalidade desse povo, que não seja pelo caminho árduo das proibições, penalizações e outras medidas invasivas e antipáticas ?
Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica e republicada no Blog Pedro da Veiga, ambos em 2012

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