quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Carro Elétrico, Falta Interesse - Por Luiz Domingues


Ao mesmo tempo em que se populariza em muitos países, o carro elétrico tem enfrentado barreiras para entrar no Brasil.  

Na ponta do lápis, parece ser o advento ideal para o atual panorama de preocupação com os aspectos sustentáveis do planeta, como um pilar ao lado do obrigatório investimento governamental em ampliação de linhas de metrô & trens de subúrbio, além do incentivo maciço ao uso de bicicletas e outros meios. Em números, não há contra-argumentação para desabonar o incremento dos carros elétricos.

Se rodasse 160 Km no trânsito de São Paulo, por exemplo, custaria ao consumidor, a quantia de R$ 5,28. A mesma kilometragem gasta por um carro a álcool, sairia por R$ 28,80, pelo preço praticado na atualidade.  

No quesito ecologia então, não tem como um detrator argumentar, pois a não existência de elementos tais como: monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxido de nitrogênio, três dos piores gases poluentes que os carros comuns produzem, simplesmente não existem em carro elétrico, ou seja, desarma qualquer intenção de um opositor.

Ao pensar no curso da ciência ao longo da história, um dia a injeção eletrônica acabou com o carburador e dessa forma, pode-se contar os dias para a extinção do escapamento, pelo menos em tese.  

Outro aspecto incontestável é o da completa ausência de ruídos. Sem o método tradicional de combustão, os carros elétricos mostram-se silenciosos ao extremo. 

 No tocante à rede de abastecimento, começa o problema estrutural no Brasil, logicamente relacionado à questão do choque de interesses.

Isso por que em teoria, qualquer tomada caseira pode reabastecer as baterias do carro. Sendo assim, como fica a colossal indústria petrolífera e as suas inúmeras ramificações?   

O uso do combustível, seja fóssil, seja de outra fonte, é o primeiro empecilho na escala dos interesses em contrário, no entanto, a seguir nessa pirâmide de mesquinharia, vem as distribuidoras, as redes de postos de combustíveis, a indústria de óleo automotivo, tudo o que é relacionado à retífica etc.

Já ouvi pessoas a afirmar que criar-se-ia outro gargalo de consumo, tão nocivo quanto, pois só no Brasil, estima-se que precisaríamos de uma nova usina de Itaipu, só para suprir o consumo dos carros elétricos. Será verdade ou o exagero tem outra intenção escusa? Pois as reclamações corporativistas sempre existiram ao longo da história.

Por exemplo, quando o carro começou a popularizar-se na América do Norte, houveram manifestações organizadas por ferreiros, a antever a decadência de seu ofício, com cada vez menos pessoas a usarem cavalos, carroças e carruagens no seu cotidiano.  

A maior barreira no Brasil é teoricamente a altíssima taxação imposta pelo governo. Não é preciso fazer uma complexa elucubração para descobrirmos qual o motivo para tal taxação absurda.

Desde o governo JK, sabemos que o governo brasileiro e a indústria automobilística vivem um casamento praticamente indissolúvel. E no bojo dessa relação, há toda uma gama de interesses análogos, onde a indústria petrolífera tem o seu peso e interesse, sempre levado em conta, acima de tudo.  

Portanto, enquanto os poderosos em meio a esse mar revolto não adequarem-se ou no mínimo, deixarem de explorar esse mercado com a mesma volúpia de sempre, só veremos dificuldades criadas para o carro elétrico se popularizar, enfim.

Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica, e republicada posteriormente no Blog Pedro da Veiga, ambas em 2012

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