quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ramos de Azevedo - Por Luiz Domingues

Bem antes de Oscar Niemeyer tornar-se uma referência da arquitetura brasileira no exterior, outros arquitetos importantes já haviam deixado as suas respectivas marcas por nossas cidades. Para falar especificamente de São Paulo, Ramos de Azevedo foi um deles e as marcas de suas criações espalham-se pela capital bandeirante, e por Campinas, no interior paulista, também. Nascido em São Paulo, em 8 de dezembro de 1851, Francisco de Paula Azevedo teve a possibilidade em estudar engenharia civil na Bélgica, mais precisamente na cidade de Gantes. 
Estudou portanto na École Speciale du Génie Civil et des Arts et Manufactures, e finalizou ao graduar-se também em arquitetura. Muito bem preparado, retornou ao Brasil e montou o seu primeiro escritório na cidade de Campinas, interior de São Paulo. A sua primeira grande obra foi a Igreja da Matriz e logo a seguir, ele recebeu o convite do Visconde de Indaiatuba para projetar a sede da Secretaria de Agricultura, e também da Tesouraria da Fazenda, e Secretaria de Polícia, prédios que o governo planejava erguer nas imediações do Pátio do Colégio, no centro da capital. Com essa envergadura, o arquiteto montou em São Paulo o seu escritório, que tornar-se-ia uma referência na arquitetura paulista. Nasceu assim, o F.P. Ramos de de Azevedo & Cia.

Ao emendar uma obra importante atrás da outra, o escritório rapidamente tornou-se o n°1 na cidade e reforçou a sua equipe com diversos engenheiros e arquitetos que tornar-se-iam famosos também, tais como : Victor Dubugras; Anhaia Melo; Domiziano Rossi; Dumont Villares, e Ricardo Severo. Quem conhece a capital paulista, reconhece todos esses nomes, incluso Ramos de Azevedo, pois todos são nomes de ruas; avenidas, e no caso de Ramos, a famosa praça em frente ao Teatro Municipal. 
O escritório assinou inúmeros projetos públicos e privados, entre os quais : os prédios das Secretarias de Estado (já citados); o quartel da polícia, no bairro da Luz; a escola normal e o jardim da infância Caetano de Campos na Praça da República (onde hoje em dia encontra-se a Secretaria de Educação do Estado); a Escola Politécnica; Escola Prudente de Moraes; o Asilo do Juqueri; o Liceu de Artes e Ofícios (hoje em dia, funciona ali a Pinacoteca do Estado); o Teatro Municipal (sem dúvida uma das mais vultosas obras do escritório); o  Instituto Pasteur e o Colégio Rodrigues Alves, ambos na Av. Paulista e preservados em sua originalidade arquitetônica), o Palácio das Indústrias (antiga sede da Prefeitura de São Paulo e hoje em dia, o Museu Catavento); a Agência Central dos Correios e Telégrafos; o Colégio Sion; Palácio da Justiça de São Paulo; o Mercado Municipal e o portal do Cemitério da Consolação, além do Museu Casa das Rosas (que originalmente fora uma residência e que havia sido construída para que a sua filha e genro morassem, em plena av. Paulista).  

Respeitado como engenheiro, arquiteto, e figura proeminente na sociedade paulistana, Ramos de Azevedo ocupou cargos públicos importantes, também. 
Foi diretor da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro; foi diretor do Liceu de Artes e Ofícios; Diretor da Escola Politécnica; Conselheiro da Caixa Econômica de São Paulo; foi membro da Comissão Administrativa do Teatro Municipal e Presidente do Instituto de Engenharia da Santa Casa de São Paulo.

Ramos de Azevedo faleceu em 1928, mas as suas obras espalhadas por São Paulo e Campinas (Além da Catedral, tem inúmeras outras obras importantes naquela cidade interiorana), tornou-se um conjunto de importantes destaques nessas cidades. 
E após a sua morte, o escritório prosseguiu seu trabalho por muitos anos, nas mãos de sua super equipe de engenheiros e arquitetos famosos.

E para quem conhece bem São Paulo, sim, o famoso edifício onde por décadas, funcionou o Mappin (uma loja de departamentos que marcou época na capital paulista), foi obra do escritório Ramos de Azevedo, que dá nome à Praça, onde do outro lado, fica o Teatro Municipal.

Matéria publicada inicialmente no Site / Blog Orra Meu, em 2013.

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