sábado, 22 de março de 2014

Buzina, um Tormento a Mais... - Por Luiz Domingues

Muito fala-se sobre o caos dos engarrafamentos gigantescos no trânsito e também sobre o impacto ambiental negativo que a brutal emissão de poluentes causa, inevitavelmente. Fala-se muito também (e com toda a razão), sobre as questões que envolvem a condução dos veículos, principalmente a absurda quantidade de irresponsáveis que dirigem embriagados, fora os transgressores, que não respeitam as regras básicas do trânsito. Hoje trago como tema, um outro transtorno pouco citado, mas tão nocivo quanto os demais, que arrolei acima : os excessos cometidos pelo uso equivocado da buzina...
Parece uma piada, se formos considerar como fato isolado, mas a realidade é outra, se levarmos em conta os milhões de neuróticos a transitar por aí e a fazer o pior uso possível do instrumento.

Sob uma rápida constatação, é triste verificar que as pessoas em geral tem a ideia errônea de que a buzina tem a mesma função de uma campainha ou telefone. Para tais pessoas que usam a buzina com essa função, fica a advertência de que estão equivocadas, pois é evidente que a buzina não foi instalada nos automóveis, com essa finalidade.

Pior, é achar que ela tem o poder de intimidação, como se fosse uma palavra de ordem e imposição de uma pessoa sobre a outra, ao denotar a prepotência de quem considera-se poderoso dentro de sua "arma" ambulante. Existe também o uso pela euforia. Usa-se a buzina como se fosse a melhor maneira para extravasar momentos marcados por uma alegria pessoal. Geralmente associa-se o uso indiscriminado da buzina, para comemorar conquistas esportivas, notadamente dos clubes de futebol, e inevitavelmente vem à lembrança o clichê : imagine na Copa...

Carreatas sob cunho político e / ou religioso e por motivações menos cotadas, também colaboram bastante nessa poluição sonora.

A buzina como instrumento de galanteio, é outra modalidade bastante acessada. Chamar a atenção das mulheres, ao usar a buzina, é uma prática comum, principalmente em países latinos. Como instrumento de impaciência, é então uma das maneiras mais comuns para pressionar outros motoristas. O semáforo ainda está a exibir a cor amarela e o cidadão colocado atrás, já aperta o seu instrumento com contundência, para exigir a arrancada de quem ainda espera o sinal verde.  ser acionado à sua frente.

No período noturno, e no avançar pela madrugada, a insegurança pública é a desculpa para não respeitar-se os semáforos e aí, mesmo que haja perigo de colisão ou atropelamento, você é advertido com bastante veemência, pelos motoristas ao seu redor, para não parar, e assim ser forçado a desrespeitar os sinais. É o tal negócio : se para, enfrenta a fúria do motorista que acha que você o "atrapalha", mas também corre o risco da abordagem de bandidos. Contudo, se avançar, muito provavelmente a multa chegará em sua casa pela infração, e basta haver uma câmera instalada no semáforo...

A questão da "Lei do Silêncio" é uma regra pouco respeitada. Buzinas usadas sem parcimônia, agressivamente, ou por autênticos idiotas ébrios, ecoam pelas madrugadas, pouco a importar-se com a perturbação do sono das pessoas alheias e diga-se de passagem, muito pelo contrário, o objetivo é azucrinar, mesmo...

Hospitais; casas de repouso de idosos; clínicas; creches, & berçários; velório... nada disso importa aos energúmenos de plantão, se resolvem apertar a buzina em seus respectivos volantes.


No texto da Lei, é clara a atribuição da buzina. Basta ler o artigo 41 do Código Brasileiro de Trânsito. Ela é um item de segurança, que serve para advertir outro motorista ou pedestres, sobre  a iminência de um acidente, ou para anunciar uma ultrapassagem, no caso de um ambiente pouco sinalizado, caso de pequenas estradas vicinais, por exemplo. Somente isso...

E mesmo assim, o uso é recomendado com certa "suavidade", ao ser sugerido desferir toques rápidos e na menor quantidade possível, muito diferente das animalescas buzinadas com o punho a apertar o volante com bastante ênfase, como geralmente observamos nas ruas. Diante de tantas irregularidades, parece que o melhor caminho é o educacional, mas receio que o trabalho apenas surtirá efeito em um médio / longo prazo, se começarmos a educar as crianças com noções de cidadania; respeito e civilidade, imediatamente, pois quanto aos "buzinadores" adultos da atualidade, parece que não hã mais solução para corrigi-los..


Matéria publicada inicialmente no Blog Planet Polêmica em 2014

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